A partir desta quinta-feira (7) e pelos 30 dias seguintes, estará aberto um prazo muito importante no calendário eleitoral.
Estamos falando da janela partidária, um salvo-conduto dado pela própria lei eleitoral para que vereadores candidatos no pleito de outubro possam mudar de partido sem o risco de serem punidos por infidelidade partidária.
Pelo menos um terço dos vereadores natalenses deve aproveitar a brecha para aderir ao troca-troca legalizado. Ou seja, 10 dos 29 vereadores da Câmara Municipal de Natal vão mudar de partido.
A começar do presidente da Casa, Eriko Jácome, que vai deixar o MDB para ingressar no PP. Também estão na lista os vereadores Kleber Fernandes, em processo de mudança do PSDB pelo Republicanos; Nina Souza, de saída do PDT para se filiar ao União Brasil (que, aliás, está a caminho de formar a maior bancada da Casa); e Luciano Nascimento, que trocou o PTB pelo PSD e já realizou até um ato para marcar a transferência, no último sábado (2).
Há muito cálculo político-eleitoral entre os vereadores, como de resto aos demais candidatos a mandatos parlamentares. Isto acontece pela natureza do pleito proporcional, que depende das votações gerais dos partidos e das médias de votos.
São fatores que levam ao cálculo do quociente eleitoral. Na Câmara Municipal de Natal, o quociente é tirado da divisão entre a quantidade de votos válidos apurados e o número de vagas a preencher (no caso, as 29 cadeiras da Casa).
Em 2020, esse índice ficou em mais de 12 mil votos. Neste ano, há quem calcule que ficará em torno de 14 mil. Ou seja, para um partido ou federação eleger um vereador precisa obter, no mínimo, esse número de votos, entre todos os seus candidatos. O dobro, para eleger dois, e daí por diante. Quanto maior seu quociente eleitoral, mais cadeiras um partido ou federação vai conquistar nas urnas.
É um sistema totalmente diferente da eleição majoritária, onde vencem os candidatos que tiverem mais votos sobre os concorrentes.
Então, os vereadores e outros candidatos do pleito majoritário precisam ir para a calculadora e projetar seus desempenhos e dos partidos pelos quais pretendem concorrer, antes de assinar a ficha de filiação.
Todos se guiam pelos partidos que possuem as nominatas (como são chamadas as listas de candidatos proporcionais) mais atrativas e facilitem (ou dificultem menos) suas reeleições.
O que move o troca-troca partidário, no fim das contas, é um artigo caro na política: a própria sobrevivência.
Nas próximas semanas, esse quadro vai ficar mais claro em todos os municípios. Até que, em outubro, todos saberão se as escolhas feitas agora terão dado o resultado desejado.