Um grupo de parlamentares federais está querendo a cabeça do ministro do STF, Luís Roberto Barroso. Para isso, protocolou ontem no Senado um pedido de impeachment contra o magistrado.
A tese é de que Barroso praticou atividade político-partidária e cometeu crime de responsabilidade ao discursar na semana passada, em um evento da UNE (União Nacional dos Estudantes), o seguinte:
“Nós derrotamos a censura, nós derrotamos a tortura, nós derrotamos o bolsonarismo para permitir a democracia e a manifestação livre de todas as pessoas”.
O suficiente para que 70 deputados e 17 senadores assinassem o tal requerimento de impeachment contra o ministro. Dentre os signatários do pedido, estão quatro membros da bancada do RN: os senadores Rogério Marinho (PL) e Styvenson Valentim (Podemos) e os deputados federais General Girão e Sargento Gonçalves (ambos do PL).
De nada adiantou a nota de retratação que Luís Roberto Barroso publicou na sequência, admitindo o equívoco da sua fala e justificando que a referência do seu pronunciamento era o extremismo radical. Os congressistas que respaldam a proposta do impeachment foram em frente.
Com essa medida, sabem o que vai acontecer? Nada!
Sim, isso mesmo: nada!
Não que a atitude de Barroso tenha sido acertada. Não foi mesmo. Muito ao contrário. Como ministro do STF, ele deveria ter se preservado desse tipo de discurso. Primeiro, para não expor a si próprio. Depois, para não expor o próprio STF. Sua fala acabou por alimentar as teorias da conspiração de que o Supremo trabalha com propósitos políticos.
Em Brasília, porém, o assunto já é dado como vencido. Ninguém em sã consciência aposta um real no acolhimento do pretenso impeachment.
Barroso, por sua vez, já se prepara para ser o próximo presidente do STF, cargo que vai assumir daqui a três meses, em outubro. Quem vai levar adiante e encarar de verdade uma briga com o futuro chefe do Supremo?
Somente mesmo quem usa os conflitos com o STF como combustível para embalar seu eleitorado, como os parlamentares que assinaram a petição entregue ontem ao Senado. Todos parlamentares de notório perfil bolsonarista, como os quatro parlamentares do RN que fazem parte do grupo.
Em resumo, o tal impeachment de Barroso não passa de jogo de cena. De pirotecnia, como alguns políticos ainda são dados a praticar.