Passada a eleição, a hora é de arregaçar as mangas. Não há o que os eleitos esperarem. Os que já estão em seus cargos têm o dever de continuar suas ações e se preparar para ampliarem-nas, conforme compromisso assumido durante a campanha.
Os eleitos para futuros mandatos também não têm tempo a perder, diante da palavra que igualmente empenharam à população.
Como se sabe, há trabalho – e muito – para todos. Tanto no Brasil quanto no Rio Grande do Norte.
Mas há uma grande responsabilidade também para os brasileiros que entraram apenas com seus votos e não terão mandato pela frente.
É natural que a política suscite paixões. No mundo todo é assim, não seria diferente por aqui, com tanto sangue latino fervente e em um contexto de acirramento no nível que ainda se vê.
As paixões subiram em tom muito acima do aceitável. Em todos os lados, diga-se. Mas continuam afloradas sobretudo para uma parcela do eleitorado que, mesmo cada vez mais isolado, continua se recusando a aceitar a vontade soberana das urnas. Um mimimi pretensamente patriótico.
O fato é que a eleição já passou.
Quem ganhou, independemente de cor partidária ou de orientação ideológica, trate de ter o melhor rendimento possível, sintonizado com as mais legítimas aspirações da população e com todas as energias canalizadas para levar a efeito as propostas decantadas durante a campanha.
Quem perdeu, que aceite o resultado e se reorganize para disputar as eleições que virão. Sim, o mundo não acabou no último dia 30 de outubro passado. A oposição tem um papel fundamental a exercer, fiscalizando os governos e mandatos dos eleitos, apontando ao distinto públicos as falhas que forem cometidas e, até, contribuindo para aperfeiçoar rumos político-administrativos.
Vale um esforço de todos — eleitos, líderes partidários e eleitores — para aplicar mais racionalidade ao quadro político nacional, e do RN também.
Menos paixão, mais razão. É assim que os políticos, os que decidem de verdade, se movem. A população, ao menos neste caso, precisa seguir o exemplo. Sob pena de prolongarem o clima de histeria generalizada que pontuou grande parte do “debate” nos últimos tempos.
Perderão os brasileiros, grande maioria dos interessados, se isto acontecer.
Previsível
Deu a procuradora Maria de Lourdes Azevedo como nova desembargadora. Uma nomeação, feita pela governadora Fátima Bezerra (PT) nesta quinta (10), já esperada.
Peso do gênero
Que fique claro que não cabe nenhum tipo de questionamento sobre o saber jurídico da nova desembargadora, plenamente capacitada para a função. Mas é fato que a Governadoria já emitia sinais de que a escolha recairia sobre a única mulher integrante da lista tríplice aprovada pelo Tribunal de Justiça, no início da semana — os outros membros da relação eram o procurador Herbert Bezerra e o promotor Marcus Aurélio de Barros.
Poder feminino
A justificativa (extraoficial) do núcleo da governadora é de que o TJRN ficaria sem nenhuma mulher em sua composição no futuro próximo, se a procuradora Maria de Lourdes Azevedo não fosse nomeada. Hoje, a única representante feminina no pleno da corte é a desembargadora Zeneide Bezerra, que já tem aposentadoria programada para 2023.
Manutenção
Sem contar que Maria de Lourdes Azevedo agora vai ocupar a cadeira que antes tinha outra mulher como titular, a ex-desembargadora Judite Nunes, que se aposentou no fim do ano passado.
Intervenção, não
O ministro das Comunicações, Fábio Faria, deu entrevista esta semana, ao jornal Valor Econômico, pregando o respeito ao resultado da corrida presidencial — ou seja, à eleição de Lula. “É hora de olhar para frente”, recomendou. O ministro potiguar também se declarou favorável a “manifestações pacíficas”. Mas ressalvou: “Bloqueio de estradas e intervenção federal, sou contra”.
Olho no lance
Também chamou a atenção o movimento feito nesta semana pelo pai de Fábio, o deputado federal eleito Robinson Faria (PL). Em um dia, posou sorridente para foto com o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, este com os dois pés na base de Lula. Foi o que bastou para levantar suspeitas de que também seguiria para o bloco lulista.
Palavra dada
Um dia após a fotografia com Kassab, Robinson fez uma outra, com o presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto. Assegurou que fica onde está. “Para não restarem dúvidas: Seguirei com meu partido e nosso líder Bolsonaro”.
A tal governabilidade
Por falar em Valdemar da Costa Neto, ele também jurou de pés juntos: o PL fica na oposição. Só não disse que isso vale apenas para uma ala do seu partido. A outra banda já brada o “estou com Lula” aos quatro ventos.