A eleição do deputado George Soares (PV) para o Tribunal de Contas do Estado (TCE) continua repercutindo.
A começar da própria Assembleia Legislativa, onde o assunto tomou conta de boa parte da sessão desta quinta-feira (27).
Grande parcela dos pronunciamentos foi dedicada a criticar o suposto voto da traição que culminou na derrota de Gustavo Carvalho (PSDB), exatamente pela diferença de um voto — o resultado foi de 12×11 em favor de George Soares.
Para contextualizar: Gustavo chegou ao plenário momentos antes da votação acompanhado de 11 colegas, confiante na palavra de que teria os votos de todos, além do dele próprio, o que garantiria sua eleição com 12 votos no final. Porém, como se viu, um dos votos dados como certos acabou não se confirmando.
O que vem gerando comentários e suspeitas desde que a contagem da votação da quarta-feira foi encerrada, com o anúncio de vitória de George Soares.
Ninguém aponta de público nenhum nome. Mas as críticas são abertas. O deputado Luiz Eduardo (SDD) foi um dos mais veementes, na sessão desta quinta. Declarou sem meias palavras que houve traição a Gustavo Carvalho. E indagou como a pessoa que deu o voto decisivo “se olha no espelho”. Ainda sem citar nomes, Luiz Eduardo completou: “Traidor não tem respeito em canto nenhum. Nem no governo nem na oposição”.
Cá para nós, tem certa razão.
O próprio Gustavo Carvalho também se pronunciou sobre a eleição para o TCE. Agradeceu aos deputados que votaram nele, fazendo questão de chamá-los de “11 leões que chegaram às urnas com a dignidade preservada e honrada”.
O oponente de George Soares também provocou os colegas a exporem seus votos em todas as deliberações da Casa. Segundo Gustavo, essa “é uma questão para encarar, enfrentar”. E arrematou seu discurso, afirmando que “política é arte para uns e arteira para outros”.
Dois comentários breves, aqui deste próprio espaço, sobre o assunto: primeiramente, é comum na política que haja traições desse tipo. Até já havíamos alertado no início da semana que processos da alta carga e interesse político, como foi a votação da ALRN para o TCE, costumam guardar distância entre a palavra empenhada e o voto efetivamente depositado.
A segunda observação é que os próprios políticos não costumam perdoar, nem sequer respeitar quem comete esse tipo de deslealdade.
Se assim mesmo aconteceu, o alegado traidor vai precisar se preparar para encarar tempos difíceis no convívio com seus pares.