É muito comum ver os políticos se queixando de que sofrem críticas pesadas da população, nas ruas e ainda mais hoje, em tempos de redes sociais, e de que são perseguidos pela mídia tradicional.
O problema, porém, está neles próprios, que não se dão ao respeito, como representantes que deveriam ser da sociedade.
Parece até que vivem numa bolha, onde estão imunes à avaliação popular.
É o que estamos vendo mais uma vez agora, com a aprovação pela Câmara dos Deputados de um projeto que torna crime quem criticar “pessoas politicamente expostas”. Não, ouvinte. O termo não é meu. “Pessoas politicamente expostas” é a expressão que a autora da proposta utiliza para se referir, adivinhe só, aos próprios políticos. Uma expressão usada para disfarçar quem será beneficiado pela iniciativa.
Pois bem.
A deputada Daniele Cunha (União/RJ) é a autora do projeto. Quem associá-la ao ex-deputado Eduardo Cunha não fará isso em vão. Ela é filha do ex-presidente da Câmara, que estava preso até um dia desses por diversas condenações. Está no seu primeiro mandato. Tem pouco mais de quatro meses que o assumiu e já se destaca dessa forma.
Originalmente, o projeto dela previa até quatro anos de prisão para quem ofendesse os políticos. No fim, essa parte foi retirada e ficou mantido apenas o trecho que garante aos pobres deputados, senadores, presidentes, governadores e prefeitos que não sofram discriminação em bancos para a abertura de contas ou contratação de empréstimos.
Ao menos nisto, parecem ter tido um pouco de vergonha na cara. Mas não totalmente, já que, ainda assim, tiveram a desfaçatez de votar e aprovar o projeto por 252 votos a 163.
Não esconde, entretanto, o empenho dos nobres parlamentares em tratar de votar rapidamente propostas que beneficiam a eles próprios. Fazem isto a toque de caixa e na calada da noite, como aconteceu com esta matéria.
E como se posicionou a bancada do Rio Grande do Norte diante deste projeto? Relatamos agora:
Dos oito deputados potiguares com cadeira na Casa, cinco votaram a favor da proposta da filha de Eduardo Cunha. São eles: Paulinho Freire, Benes Leocádio (ambos do União), Fernando Mineiro (PT), João Maia e Robinson Faria (os dois do PL). Natália Bonavides (PT) não votou na sessão. Somente General Girão e Sargento Gonçalves (também do PL, ambos) votaram contra a matéria.
Está aí a lista para os eleitores potiguares avaliarem se gostaram ou não desse posicionamento dos nossos parlamentares.
Da nossa parte, a avaliação é de que esse projeto é mais uma demonstração pronta e acabada de casuísmo da classe política, de parlamentares que se mostram apartados dos verdadeiros interesses e necessidades da população e não ligam para o circo que produzem. Só que um circo de horrores.
Daquele tipo que não diverte e, pior, não respeita ninguém.