Em meio a um cenário eleitoral acirrado no campo majoritário, acabou ficando em plano secundário a aliança anunciada, ainda no período de pré-campanha, entre o presidente da Assembleia Legislativa, Ezequiel Ferreira, e o deputado federal e vice-governador eleito Walter Alves.
Na época, idos de março, foi muito enfatizado que os dois caminhariam juntos na política estadual, independentemente da decisão eleitoral que seus partidos tomassem. Não se sabia àquela altura, por exemplo, se os dois estariam juntos na disputa para o Governo do Estado. Ezequiel, até então, tinha o nome cogitado para ser candidato a governador, o que acabou não se confirmando — ele optou mesmo pela renovação do mandato.
Porém, a aliança não era discurso vazio. Ezequiel e Walter confirmaram na prática o acordo feito. Levaram candidatos de sua influência no PSDB e no MDB a dobradinhas na disputa para deputado federal e deputado estadual. Também ficaram juntos na eleição para Governo: o presidente da ALRN, mantendo-se como aliado da governadora Fátima Bezerra, e o presidente do MDB potiguar, como companheiro de chapa da petista.
Agora, fechadas as urnas e com resultados consolidados, Ezequiel e Walter fazem questão de voltar a público para ratificar a parceria política. Desta vez, propalando a posição favorável à proposta de federação entre seus partidos nacionalmente.
O recado de ambos, porém, tem efeito muito mais localizado. Embora sejam lideranças regionais respeitadas, a palavra de ambos tem pouquíssimo peso no debate sobre a federação nas cúpulas de suas respectivas legendas. Esta, para ser estabelecida, precisará ter alcance nacional, o que vai depender da conciliação de interesses mais representativos que os do valoroso, mas modesto Rio Grande do Norte.
Em português mais claro: ao fortalecerem sua união, Ezequiel e Walter voltam suas miras é para a Governadoria. Como atores destacados do quadro político no Estado, o tucano e o emedebista ficam ainda mais musculosos unindo forças.
Sinalizam, no mínimo, que vão querer ser ouvidos continuamente pela governadora em temas de relevo, tanto administrativos quanto políticos. O que inclui, por óbvio, a formação do Secretariado que vai tomar posse com Fátima em janeiro, a ocupação dos postos que vão compor a estrutura governamental e a eleição da futura mesa diretora da Assembleia Legislativa. Apenas para começar a conversa, que certamente terá ecos até 2026.
O “combo político” formado por Ezequiel Ferreira e Walter Alves já está posto na mesa. A saber agora como (e se) será digerido pela aliada Fátima.