O Supremo Tribunal Federal (STF) inaugurou nesta segunda-feira (7) a exposição “Pinturas Nordestinas”, com 27 quadros criados por jovens socioeducandos que retratam a cultura popular da Região Nordeste. A iniciativa visa apoiar as atividades de ressocialização de crianças e adolescentes em conflito com a lei por meio da arte.
As obras foram produzidas por alunos da Escola da Unidade de Internação do Recanto das Emas (Unire), no Distrito Federal, a partir da releitura de trabalhos de artistas como Romero Britto e Ricardo Cavalheiros e xilogravuras de José Borges. Atualmente, a escola tem pouco mais de 200 internos. A coordenadora pedagógica Ana Rosa Sherman e a professora de educação artística Jaqueline Ornelas idealizaram o projeto, desenvolvido em aulas diferenciadas que criaram um ambiente descontraído e criativo para os jovens.
Nas telas, eles utilizam técnicas de colagem com aproveitamento de diversos materiais que sobraram da festa junina realizada este ano na escola, como tinta guache, palha, papel, tecidos, barbante e algodão. Alguns trabalhos retratam a realidade do sertão, sua fauna e sua flora, a música, a dança e a arte. Fazem, ainda, releituras das imagens de personalidades nordestinas como Padre Cícero, Lampião e Maria Bonita, e de uma das obras mais importantes e conhecidas de Tarsila do Amaral, o “Abaporu”.
Cidadania
“A ressocialização por meio da arte é um meio de defender os direitos da criança e do adolescente em nosso país”, afirmou a secretária-geral do STF, Daiane Nogueira de Lira, no lançamento da exposição. Ela ressaltou a importância de o Tribunal abrir suas portas para os trabalhos culturais de jovens que se encontram em situação de conflito com a lei e parabenizou os participantes do projeto pela iniciativa de concretização da cidadania.
Segundo o professor William Tannuri Fogaça Júnior, da Unire, a pintura faz parte do trabalho pedagógico no sistema socioeducativo e atua como forma de aproximação dos alunos. Ao lado de outras atividades, como o esporte, ela dá oportunidade para que eles se expressem por diversos meios e aprendam de forma diferenciada. “Estamos muito orgulhosos pelo reconhecimento do nosso trabalho com essa exposição”, disse. “Iisso é o que mais almejávamos, porque a escola é muito carente, inclusive de materiais básicos”.
Apresentação musical
Na abertura da mostra, um grupo de socioeducandos fez uma apresentação musical com voz, vilões, violinos e teclados. Eles executaram músicas como “Sabiá”, de Luiz Gonzaga.
A exposição permanecerá por um mês na Biblioteca Victor Nunes Leal do STF e pode ser visitada de segunda à sexta-feira, das 11h às 19h.
Fonte: STF