A passagem de Jair Bolsonaro pelo Rio Grande do Norte, na última sexta-feira (11), deixou rastros marcantes.
De maneira mais evidente, por expor as fragilidades que ainda afetam sua saúde, em decorrência da facada que sofreu na campanha de 2018.
Este foi, sem dúvida nenhuma, o fato mais marcante desta vinda recente de Bolsonaro ao Estado. Mas não foi o único.
Como tudo no Brasil hoje vira discussão sem fim, o socorro emergencial ao ex-presidente não fugiu à regra.
Principalmente nas redes sociais, mas também em alguns veículos de imprensa, aflorou o debate sobre o serviço prestado por um governo de esquerda ao principal líder da direita no Brasil.
Como tem sido comum na política nossa de todos os dias, cada lado procurou impor seu ponto de vista.
Do lado do Governo Fátima Bezerra, a ênfase ficou em torno da presteza e da liberação de todos os recursos disponíveis para o atendimento ao ex-presidente, em especial do helicóptero da Segurança Pública, assim que surgiram as notícias da enfermidade.
Na trincheira bolsonarista, o discurso era no sentido de minimizar o papel do Governo, sob o argumento de que o Estado apenas cumpriu com sua obrigação institucional, e não poderia negar a assistência de saúde que se exigia naquela hora.
Nesta discussão, que, claro, se alastrou pelas militâncias dos dois lados, deu-se um caso raro na nossa política tão polarizada: os dois lados tinham razão.
O Governo agiu certo mobilizando-se para prestar todo o atendimento necessário a uma pessoa que, rival político ou não, até pouco tempo ocupava a Presidência da República. E os seguidores de Bolsonaro também estavam certos em lembrar as responsabilidades da gestão petista.
De resto, ficou mais uma ilustração de que há situações em que as divergências políticas devem ser deixadas de lado, por mais fortes que sejam.
Nem tudo precisa ser posicionado em polos extremos. Há momentos em que a questão humana precisa sobressair e a política ficar onde deve: em último plano.