A rede de urgência e emergência de Natal continua sendo invadida por pacientes de outros municípios do Rio Grande do Norte. De acordo com o Censo do IBGE, Natal tem 751 mil habitantes, mas há mais de 1,3 milhão de cartão SUS. Mais do que isso, há uma “invasão” na rede assistencial de pacientes provenientes de outros municípios. Como as UPAs trabalham com “porta aberta”, o SUS preconiza que todo paciente deve ser atendido, mesmo que não seja morador da cidade. “O sistema do SUS está correto, o que não está correto é que o financiamento dessas UPAs deveria ser tripartite, mas o Estado não repassa a parte que lhe compete e, além dos pacientes de Natal terem que enfrentar a lotação acima da capacidade de atendimento, ainda o município tem arcar com as despesas muito além do que deveria”, afirma Chilon Batista, secretário de Saúde de Natal.
De 20 pacientes da UPA Satélite, que estavam aguardando transferência para um leito de internação, 10 eram de outros municípios: dois de Parnamirim, um de Macaíba, um de Apodi, um de Florania, um de Baraúna, um de Serrinha, um de Canguaretama e até um de Maceió.
Já na UPA Potengi, de 26 pacientes, um era de Macaíba, um de Parazinho e dois de Extremoz. Enquanto na UPA Pajuçara estavam seis pacientes de Extremoz, três de Maxaranguape e um de São Gonçalo do Amarante. E na UPA Esperança estavam aguardando transferência para leitos de internação pacientes de Lagoa Salgada, Monte Alegre, Santa Cruz, João Câmara e até de Taubaté, em São Paulo. Esses dados são levantados diariamente na troca de turnos em cada unidade.
Essa é a realidade diária nas UPAs, fora o volume de pacientes que estão nas portas das UPAs que são atendidos, mas não necessariamente internados ou aguardando transferência para internação. “Quem está bancando essa despesa é Natal porque o que governo federal manda de recursos não é suficiente para cobrir as despesas. A UPA da Esperança recebe R$ 350 mil/mês e as demais R$ 250 mil/mês, mas as despesas de cada UPA ultrapassa R$ 1 milhão e não há a contrapartida estadual, isso inclusive já foi ajuizado, estamos recebendo os recursos atrasados, via bloqueio judicial, mas continuamos sem receber os repasses atuais que deveriam ser feitos pelo Estado dentro da filosofia de financiamento tripartite do SUS”, afirma o secretário.