Declarações do secretário estadual de Administração, Pedro Lopes, no último fim de semana, provocaram um choque político com o setor produtivo do Estado.
Pelas redes sociais, Pedro Lopes criticou diretamente as federações do Comércio (Fecomércio) e das Indústrias (Fiern) por não reduzirem os preços de seus produtos e serviços, seguindo a queda na taxa do ICMS — de 20% para 18% — que passou a vigorar no dia 1º de janeiro.
O secretário de Administração chegou a dizer que “os empresários ficaram com o dinheiro do ICMS pago pelos contribuintes/consumidores e a sociedade perdeu com o enfraquecimento das receitas do poder público estadual”.
A afirmação do membro do Governo Fátima gerou reações imediatas das entidades empresariais. A Fecomércio classificou o conteúdo publicado pelo secretário como “inverídico” e arrematou que “a classe produtiva não pode ser exposta como vilã ou opositora ao desenvolvimento do Estado”.
A Fiern, por sua vez, declarou-se indignada com o que chamou de “críticas infundadas” de Pedro Lopes, a quem a entidade acusou de ter usado de má-fé no episódio.
Nesta segunda-feira (19), os ânimos pareciam estar mais serenados e houve acenos das duas partes em direção a um entendimento. Não pelo lado de Pedro Lopes, ressalte-se. Não houve nenhum movimento de retratação por parte do secretário.
Posicionaram-se, de um lado, as entidades empresariais – com as federações de Agricultura (Faern) e dos Transportes (Fetronor) juntando-se à Fecomércio e à Fiern divulgando um comunicado em que informam ter solicitado uma audiência diretamente à governadora Fátima Bezerra (PT) para manter com o Governo um diálogo institucional “franco, aberto e respeitoso”. A proposta, ressaltou o comunicado dos líderes empresariais, é fugir “de um ambiente de provocações inócuas com fundamento político, via redes sociais”.
A resposta do Governo veio também por nota, e igualmente em tom amistoso. O Gabinete de Fátima informou que a solicitação dos empresários será atendida, e que a audiência com a governadora será marcada em breve.
A nota governamental pregou ainda a necessidade de união entre a gestão pública e a iniciativa privada na busca pelo equilíbrio fiscal e financeiro do Estado, assim como do crescimento econômico. O Governo arrematou sua nota com uma frase cheia de diplomacia: “O ambiente do diálogo é, sempre, o caminho a ser percorrido por todos aqueles que têm um objetivo comum: o desenvolvimento”.
Fica, então, em aberto a chance de Governo e classe produtiva se entenderem e selarem a paz em torno do assunto. Só não se sabe, ainda, se o secretário Pedro Lopes vai estar à mesa na audiência a ser marcada. E como o Governo vai tratar oficialmente a postura do seu auxiliar. Se vai endossá-la ou desautorizá-la.
O desfecho fica para o próximo capítulo.