Alvos de muita controvérsia, desde sempre, as pesquisas eleitorais seguem chamando a atenção nas campanhas políticas.
E não é por acaso.
Elas nunca foram tão volumosas e com resultados tão distintos quanto na presente campanha municipal.
O Rio Grande do Norte está em destaque nesse cenário, como um dos Estados que tiveram neste ano mais aumentos em sondagens de intenção de voto.
Na comparação com a eleição municipal de 2020, e em termos proporcionais, o RN teve o quarto maior crescimento de pesquisas registradas no Brasil. De 369 levantamentos contabilizados quatro anos atrás, os registros subiram para 466 pesquisas no atual processo eleitoral.
Um aumento de 26%, abaixo (também em números relativos) apenas de três Estados: Paraíba, Pernambuco e Piauí — este, com a terceira maior quantidade de pesquisas registradas no país (714, no total).
Em todo o Brasil, já são mais de 8 mil pesquisas, bem mais que as 5 mil realizadas nesta mesma altura do processo eleitoral em 2020 e quase com o mesmo número de toda a eleição daquele ano, encerrada com 11 mil pesquisas no final do segundo turno.
Como todo mundo sabe, o problema das pesquisas não está na quantidade. Mas, sim, na qualidade. Ou, mais ainda, na falta de qualidade de algumas delas.
Com a profusão de sondagens neste ano, explodem também questionamentos de crítica e de público.
O principal deles é em relação aos prognósticos. Os números apresentados estão variando cada vez mais.
A ponto de três candidatos a prefeito de Natal — Carlos Eduardo (PSD), Paulinho Freire (União) e Natália Bonavides (PT) — estarem exibindo em suas propagandas levantamentos em que aparecem projetados na liderança. Obviamente, em pesquisas de institutos diferentes.
A Justiça Eleitoral até tem sido provocada a intervir em determinadas situações, determinando a suspensão da divulgação de algumas pesquisas. Casos assim já aconteceram aqui em Natal e no interior, na maioria dos casos por distorções nos dados e desequilíbrio nos critérios de entrevistas.
Não se defende aqui a generalização e a desconfiança de todas as pesquisas, que são instrumentos importantes e até necessários como fonte de informação para eleitores e para os próprios candidatos.
O que se propõe é que haja um olhar honesto e crítico. De todos. Um filtro que permita avaliar história, metodologias e, por fim, o nível de acerto dos institutos.
Além, é claro, de uma fiscalização eficiente nos casos mais suspeitos e de uma punição rigorosa quando houver irregularidade comprovada.
Havendo essa depuração, ganharão todos. Até os próprios políticos.