Poderoso no Brasil em outros tempos, principalmente com Fernando Henrique Cardoso na Presidência da República, o PSDB é hoje um partido em estado avançado de encolhimento.
São Paulo, seu berço e principal vitrine, simboliza bem essa situação. No maior Estado do país, os tucanos definharam, a ponto de não ocuparem mais nenhuma cadeira na Câmara Municipal da capital, para a qual elegeram oito representantes. Ainda na capital paulista, o PSDB não terá sequer candidato próprio a prefeito, cidade que governou por quase 30 anos. Um quadro que vai se repetir em outras capitais brasileiras na eleição deste ano.
No Rio Grande do Norte, porém, o retrato dos tucanos é bem diferente. Puxado pelo presidente da Assembleia Legislativa, Ezequiel Ferreira, o PSDB potiguar detém uma das representações regionais mais fortes do país. Elegeu a maior bancada de deputados estaduais em todo o Brasil, composta por 10 parlamentares. Conta também com 30 prefeitos, 250 vereadores em todo o Estado e prepara-se para ampliar essa ocupação, entrando na disputa por 50 prefeituras nas eleições deste ano.
Mais que a sigla que já comandou o país, a força localizada do PSDB se explica de fato pela atratividade que naturalmente emana da Presidência da Assembleia Legislativa. Na política potiguar, é tradição que o partido do presidente da Casa tenha musculatura partidária. Ou seja, mais que PSDB ou outra agremiação, a força política, na verdade, é do “Partido da Assembleia”, evidentemente não registrado na Justiça Eleitoral, mas sempre atuante na prática.
Esse é o trunfo que Ezequiel Ferreira tem nas mãos para tentar fortalecer ainda mais o ninho tucano no pleito municipal de outubro. A ideia é ganhar ainda mais poderio neste ano para chegar com influência multiplicada nas eleições de 2026. As eleições que, no fim das contas, mais interessam ao presidente da ALRN, de olho em um mandato majoritário, daqui a dois anos. Como senador, mais provavelmente.