A pouco mais de um ano da próxima campanha eleitoral, já está aberta a temporada de caça. Não a votos. Mas a recursos públicos.
Parlamentares federais já se mobilizam em Brasília para ampliar ainda mais o fundo eleitoral, o chamado “fundão”. Entre gabinetes e plenários do Congresso Nacional, fala-se em um valor de R$ 5,7 bilhões.
Um valor que fica mais de 15% acima do fundão usado nas eleições gerais do ano passado: R$ 4,9 bilhões.
É também um montante que o Congresso até chegou a aprovar para o uso também em 2022, mas que o então presidente Jair Bolsonaro vetou, até que o próprio Legislativo homologou o fundão de quase R$ 5 bilhões.
Para justificar o novo aumento dos recursos para a campanha eleitoral, seus defensores dizem que o valor do ano passado é insuficiente para os partidos conseguirem divulgar todos os seus candidatos para a população em um país com as dimensões do Brasil. Tadinhos.
O governo federal, por sua vez, reservou para o fundão apenas R$ 1 bilhão no seu orçamento para 2024. Falsa ingenuidade. Sabe que a proposta é irreal e não vai prosperar diante da fome do Congresso.
O fundo eleitoral surgiu em 2015, depois que o Supremo Tribunal Federal considerou doações realizadas por empresas a campanhas inconstitucionais. A alteração no modelo ocorreu enquanto a Operação Lava-Jato apontava casos de corrupção e caixa dois envolvendo as doações privadas.
A saída encontrada foi a de sempre: recorrer ao meu, ao seu, ao nosso dinheirinho. Pelo visto, uma saída muito bem aceita. Ainda mais pelos dirigentes dos partidos, que são, via de regra, os controladores na hora de distribuir os recursos para os diretórios regionais e seus candidatos.
Gostaram tanto do fundão que estão querendo mais. Cada vez mais.