Em tempos sombrios, é natural que a angústia e a ansiedade rondem os nossos corações, deixando-nos inseguros quanto ao porvir, apesar de tais sentimentos não serem profícuos para a existência terrena.
Einstein dizia que nunca pensava no futuro, pois este não tardaria a chegar, ensinando-nos que as preocupações com os eventos pósteros e incertos são de pouca valia, uma vez que as leis da física impedem de apressá-los ou de evitá-los.
Por definição, o futuro é uma probabilidade sob a perspectiva do hoje. Se mudarmos a perspectiva, o tempo vindouro altera na mesma proporção, como consequência lógica da terceira lei de Newton, que trata da causa e efeito.
Logo, se, por exemplo, aprendermos um idioma novo, desenvolvermos determinada habilidade ou dissermos o “sim” ao casamento proposto, inúmeras probabilidades se descortinariam no nosso horizonte, revelando-nos que o amanhã é, de fato, uma construção inacabável do hoje, em um looping ascendente interminável.
É dessa conclusão que Tenzin Gyatso, o 14° Dalai-lama, insiste em repetir: “se deseja um futuro de paz, faça com que seu próximo segundo seja de paz”, inspirando-se na milenar doutrina religiosa zen-budista que prega o viver no aqui e agora, desejando e trabalhando hoje no que se quer e sonha no depois.
De fato, é o que temos: o momento, este átimo de tempo que ocorre exatamente agora, enquanto digitamos um texto, caminhamos a esmo, passamos uma mensagem para um amigo, lemos uma notícia, ouvimos uma música ou dizemos “eu te amo”.
O amanhã se levanta sobre estes eventos vivenciados desde o ontem mais longínquo até o agora, desde as decisões mais corriqueiras até aquelas significativas e transformadoras. Tudo é a argamassa que molda o futuro, não havendo acasos ou coincidências.
A propósito, Voltaire já dizia que “não existe coincidências, mas consequências de causas desconhecidas”. E quanto desconhecemos! Toda a nossa tecnologia, toda o nosso conhecimento acumulado durante 10 mil anos foi incapaz de parar um vírus mortal que nos rouba 2 milhões de vidas (e continua roubando).
Não obstante estes ensinamentos todos, somos humanos e jogamos para o alto a lógica e as probabilidades; enchemo-nos de expectativas sobre o futuro que nunca chega, tal qual aquele que sonha acertar na loteria e nunca joga; nutrimos o desejo infantil de fazermos omeletes sem quebrar os ovos.
Mas não adianta chorar o leite derramado. Envidemos, agora, esforços para participarmos ativamente do jogo da vida; trabalhemos, agora, com o que temos em mãos e na mente; façamos, agora, os arremates necessários para concluirmos o manto sagrado de nossos anseios e desejos, no encontro imprescindível do nosso ser com o nosso destino.
Dessa forma, cada minuto se reveste de nova esperança, de outra oportunidade que, caso aproveitada, produzirá, inevitavelmente, ondas positivas que repercutirão em prol dos nossos sonhos.
Assim, o futuro é agora e, como ensinou o Mestre Jesus, “não nos preocupemos com o amanhã, pois o amanhã trará as suas próprias preocupações. Basta a cada dia o seu próprio mal”.