A discussão sobre o uso abusivo de drogas está constantemente em pauta na sociedade. Grave problema de saúde pública responsável por um grande número de ações e conflitos na Justiça. Diante disso, a Escola da Magistratura do Rio Grande do Norte promoveu, nessa segunda-feira (19), o curso “Justiça e Saúde Mental no âmbito do uso abusivo do álcool e outras drogas”, voltado para servidores, profissionais da saúde e da justiça que lidam com esse tipo de conflito.
Segundo o formador, Carlos Henrique Cruz, esse panorama é importante e a Justiça está se voltando para essa problemática social. Ao tratar do consumo abusivo de substâncias psicoativas, desperta a reflexão no olhar que as pessoas têm sobre o usuário de drogas, a partir de uma perspectiva mais ampla, não só do ponto de vista do consumo abusivo em si, mas de toda problemática econômica, social e psicológica.
“O que está em excesso na vida dessas pessoas? O que podemos entender como exc3essivo e não podemos dar conta dentro das subjetividades refletidas no panorama social onde as pessoas buscam descartar coisas e buscar cada vez mais a individualização?”, reflete Cruz.
O docente questiona, ainda, o uso do nome “droga”, o qual está associado a um termo mais pejorativo e a ideia é evitar o olhar preconceituoso e usar o termo “substâncias psicoativas”, que são responsáveis por modificar o nosso sistema nervoso central. Ele explica que todos somos usuários de drogas no nosso dia a dia, “o cafezinho, o açúcar, o remédio pra dor de cabeça e tantos outros que utilizamos, mas ninguém se preocupa com isso, pois se voltam apenas para as drogas ilícitas ou com outras substâncias proibidas, mas convive pacificamente com o álcool que provoca danos gravíssimos”, completa.
Para a coordenadora administrativa do Núcleo de Orientação aos Dependentes (Noade), Lucineide Nascimento, é de suma importância pensar no tema drogadição na esfera da Justiça e fala da satisfação em participar e capacitar pessoas em um curso que agrega os assuntos de justiça e saúde mental, pela primeira vez em 20 anos de trabalho nessa área, “a sociedade está acostumada a pensar em justiça como algo relacionado à punição e no que a Lei impõe ao usuário de drogas. É preciso pensar pelo lado da saúde mental, a justiça precisa ter um novo olhar, do ponto de vista da doença, do sofrimento psicológico e psíquico deste usuário. Ver além do delito e refletir sobre quais circunstâncias levaram essa pessoa a seguir esse caminho” conclui.
Fonte: Portal do Judiciário