A governadora Fátima Bezerra (PT) deu entrevista ao Jornal O Globo e abriu seus pensamentos sobre o quadro político como raramente faz.
O ponto principal foi a comentada cobrança ao presidente Lula, por mais presença dele e dos seus ministros no Nordeste, como maneira de reverter a queda de popularidade na região, medida por pesquisas recentes.
Nas declarações ao jornal, Fátima avalia que o momento de desaprovação popular do presidente é passageiro e o define como “uma fotografia num dia nublado”, ressalvando em seguida que “o sol voltará a brilhar”.
Para Lula superar o instante difícil, a governadora potiguar sugeriu que o presidente venha mais ao Nordeste. Ela, claro, colocou o Rio Grande do Norte na conversa, propondo que Lula venha inaugurar obras como a barragem de oiticica e a conclusão da transposição do Rio São Francisco, esta também em outros estados nordestinos.
Outros pontos da entrevista também merecem destaque. Em especial, nos trechos em que a governadora projeta o quadro eleitoral de 2026. Inclusive no Rio Grande do Norte, onde disse estar empenhada em formar uma ampla aliança de partidos, a exemplo do que propôs que o presidente faça em escala nacional.
Conforme declarou ao globo, Fátima Bezerra não acredita no crescimento da direita no Nordeste, em 2026. Ela lembrou na entrevista que, mesmo com derrotas eleitorais no pleito municipal do ano passado, o PT conseguiu avanços políticos. E deu Natal como exemplo, citando a ida de Natália Bonavides para o segundo turno, um resultado que havia 28 anos o PT não conseguia na capital potiguar.
Um outro ponto interessante dito pela governadora na entrevista foi a defesa de uma renovação na direção do PT. Uma novidade nos posicionamentos partidários da governadora, sempre alinhada com os dirigentes. Ela explicou que vê a necessidade do PT se renovar e foi além, apontando novamente para Natália Bonavides, um dos nomes que, segundo a governadora, podem integrar esse movimento.
Pelo teor geral da entrevista, é possível classificar a entrevista da governadora como bem ponderada. Não é comum ver Fátima adotar o tom de autocrítica e sinceridade que se viu no material do globo, em especial nas menções ao PT e a Lula. Normalmente, ela desvia das questões mais espinhosas apresentadas por jornalistas e dá respostas mais evasivas e até relacionadas a outros assuntos que lhes são mais convenientes.
Desde a publicação, na edição desta quarta-feira (29), a entrevista vem repercutindo no meio político, principalmente aqui no Rio Grande do Norte. A oposição, claro, aproveitou para criticar.
Fica a curiosidade para saber como as palavras públicas de Fátima, mais autênticas que de costume, foram recebidas no PT nacional e, sobretudo, no Palácio do Planalto.
Até o momento, nada vazou sobre isso.