Para além das investigações e dos esforços das forças de segurança para elucidar o crime que tirou a vida do prefeito de João Dias, Marcelo Oliveira (União), o caso tem também desdobramentos políticos.
No campo eleitoral, o primeiro desses desdobramentos é definir quem será candidato no lugar da vítima, que concorria à reeleição. Faltando pouco mais de um mês para as eleições, o partido do prefeito assassinado, o União Brasil, precisa correr contra o tempo.
Há um prazo de até 10 dias para a legenda requisitar a mudança. Este calendário já está aberto. Até a próxima semana, o União deverá indicar o substituto de Marcelo Oliveira nas urnas. Os critérios para a nova escolha seguem o próprio regimento partidário.
Existe ainda uma preocupação sobre o processo eleitoral em si no município. Envolta em um clima de medo, não apenas pelo duplo homicídio desta semana, mas pelas suspeitas sobre o grande alcance do crime organizado em toda a João Dias, é muito provável que parte da população evite participar da campanha, independemente dos candidatos que estiverem registrados.
Há dúvidas, portanto, sobre a motivação dos eleitores até para o dia da eleição, se vão se sentir seguros para ir votar. O que também aumenta, neste primeiro momento, a preocupação com o risco de uma alta abstenção.
Nestes primeiros dias pós-assassinato, o relato é de que a cidade está deserta e poucos têm coragem de ir às ruas. Nem o comércio está abrindo em sua normalidade.
Por enquanto, o Tribunal Regional Eleitoral não cogita a hipótese de alterar o calendário eleitoral local por conta desse cenário. Tampouco vai discutir o adiamento de eleições. Em declarações à imprensa, o presidente do TRE/RN, desembargador Cornélio Alves, ressaltou que a Corte não vê razões para mudanças e, assim, a eleição está mantida para 6 de outubro, como programado.
Por outro lado, o desembargador adiantou que haverá solicitação para que o município tenha a presença de forças federais de segurança. A Secretaria de Segurança Pública do Estado também garantiu que vai aumentar o efetivo policial local.
Para completar, a pequena João Dias é um daqueles casos de municípios que vivem a distorção de possuir mais eleitores que habitantes. Conforme o último censo demográfico, o município tem 2.076 habitantes, mas cadastrou para o pleito deste ano 3.302 eleitores. Um indicativo de que mais de 50% do seu eleitorado vem de gente de fora da cidade.
Diante de todo esse cenário e de tudo o que aconteceu, fica a esperança de que estas medidas sejam suficientes para garantir eleições tranquilas na pequena João Dias, em complemento a outras que assegurem a integridade da população e a volta das suas vidas a uma situação de normalidade.