Avizinham-se as eleições municipais, que, dentre todas, é a que mais mobiliza e engaja eleitores, devido à proximidade destes com os futuros dirigentes, os quais, depois de eleitos, conviverão e trabalharão no mesmo espaço urbano.
Por isso, as críticas e defesas de um ou outro candidato são, geralmente, fragorosas, desinibidas e apaixonadas, distorcendo, muitas vezes, a avaliação popular sobre a competência daqueles que se dispõem a serví-los.
Prefeitos e vereadores representam o povo na menor célula da Federação, que é o município. As eleições municipais, por seu turno, são um processo de seleção para o cargo de Chefe do Executivo, que dirigirá as ações necessárias para a manutenção e crescimento das cidades; e para os membros do parlamento, os vereadores, que fiscalizarão o prefeito e que produzirão as normas que regulam a vida na cidade.
Prefeitura e Câmara Municipal, trabalhando juntas, poderão perseguir objetivos fundamentais, como a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, o desenvolvimento do município, a erradicação da pobreza e a promoção do bem estar social, dentre outras metas que poderão propiciar dignidade e felicidade individuais e coletivas.
Ou seja, boas escolhas trarão o progresso; más escolhas, o contrário. Isto torna extremamente importante a análise criteriosa de cada um dos candidatos aos cargos disputados, uma vez que, caso haja erro, a correção somente se dará depois de 4 longos e tenebrosos anos.
Portanto, a pergunta que cada eleitor deve se fazer é: o que espero do próximo prefeito e dos próximos vereadores?
Primeiro, há de se apartar desta resposta os interesses mesquinhos, pois votar em A ou B porque lhe dará emprego não é uma premissa inteligente ou válida, quando se trata de política.
Ora, se seu candidato visa apenas beneficiar seus acólitos, em detrimento da coletividade, caso ganhe, você ganha; caso perca, você perde. Mas, se votar naqueles que querem, de fato, beneficiar a coletividade, inclusive você, todos ganharão, de qualquer forma.
É nessa esteira que se encontram alguns critérios desejáveis no candidato, como espírito público e altruísmo: a capacidade de ver o sofrimento humano e se identificar com ele, facilitando a compreensão dos problemas sociais. Depois destas qualidades, é imprescindível que se possua a competência técnica. Ter sensibilidade é algo importante para o político, saber o que fazer e como fazer é essencial para a solução das inúmeras demandas que surgem no dia a dia.
Ambos os critérios, sensibilidade e competência, andam de mãos dadas em prol da sociedade assolada pelo desemprego, violência, falta de moradia, alto custo de vida, falência dos serviços públicos, como educação e saúde, sem falar das ocasionais tragédias ambientais ou epidemias.
No entanto, ainda que o candidato tenha algo de espírito público e seja extremamente competente, se não tiver probidade, este não servirá nesta nova era de transparência em que a humanidade ingressou.
Não cabe mais, nesta quadra histórica, a defesa do “rouba, mas faz”, que pavimentou riquezas individuais à base de propinas extraídas de verbas que deveriam ter ido parar nas obras públicas, medicamentos e merendas escolares. Acabar com meio sofrimento pelo custo consciente da manutenção da outra metade na dor não é digno ou humano.
Dessa forma, fazer algum bem não autoriza o gestor a fazer o mal, a desviar recursos públicos para a sua satisfação pessoal ou para manter seu grupo embriagado pelo poder, pois a propina que os irriga é a verba que falta nos postos de saúde, nas escolas, nas obras de contenção, cuja falta vitimiza pessoas, ceifa vidas e corrói a cidadania.
Além dessas qualidades, o candidato ideal deve entender que o município é parte integrante da República Federativa Brasileira e se constitui em um Estado Democrático de Direito, o que não é complexo, pois se pode resumir tudo isso em uma só palavra: respeito.
Sim, respeito. Respeito à opinião do outro: isto é democracia; respeito à coisa pública e ao tributo do povo: isto é república; e respeito à lei: isto é Estado de Direito. Sem respeito, nenhum representante deterá a legitimidade necessária para conduzir seu povo pelo deserto de adversidades, em busca da terra prometida.
Tais qualidades, em uma só mulher ou homem, são possíveis e reais. Quantos não conhecem pessoas assim no seu convívio? São milhares, milhões de brasileiros que se enquadram nestes requisitos. São homens e mulheres sensíveis, competentes, honestos e respeitáveis, vistos no trabalho, na comunidade ou no seio famíliar, que dariam gestores exemplares. O que estas pessoas estão esperando para se colocar à disposição da sua cidade, do seu povo? Um convite? Pois, sintam-se todos convidados. Participem efetivamente das próximas eleições e sejam uma opção para seu município, transformando-o em um lugar agradável e feliz, onde seus pais, filhos, netos e amigos possam viver e conviver.
Por fim, precisa-se de bons prefeitos e vereadores, políticos que sejam verdadeiramente comprometidos com o bem estar da população e que pensem em construir caminhos de paz e harmonia para os futuros habitantes. Como dizia James Freeman Clarke, escritor americano do Século XIX, “um estadista pensa nas próximas gerações, um populista pensa nas próximas eleições”.
Pense bem: a República precisa de você.