O PT está se preparando para disputar as eleições. Até aí, nenhuma novidade. Todos os outros partidos estão fazendo o mesmo.
A questão é que, a cada dia que passa, as legendas vão deixando mais claras suas estratégias, seus candidatos e aliados preferenciais.
No caso do PT, chama a atenção nos últimos dias o tratamento que o partido tem dirigido a dois aliados em potencial. Um deles, inclusive, filiado à sigla: o ex-senador Jean Paul Prates.
O PT simplesmente tem esnobado Jean Paul nas articulações visando a 2026. E olha que estamos falando de alguém que esteve ao lado de Fátima Bezerra em chapa vitoriosa para o Senado, em 2014, e que presidiu a Petrobras até o ano passado.
Fato é que o PT não tem convidado o ex-senador para participar de nenhuma discussão interna, nem tampouco considerado o seu nome para alguma candidatura. Como se diz popularmente, o está claro o processo de escanteamento.
Jean Paul até já acusou de público o golpe. E também manda seus recados, dizendo em entrevistas que tem calendário próprio, até fora da política, e informando que pode “dar um tempo” da vida político-partidária.
Ele avisa ainda que, se realmente não for “escalado” pelo PT nas próximas eleições, não se sentirá mais no time. Uma sinalização evidente de que pode buscar outros partidos, se continuar recebendo o tratamento desdenhoso do PT.
Se o relacionamento com Jean Paul Prates está por um fio, e aparentemente isso não causa a menor preocupação no partido, o PT tem outro comportamento em relação à senadora Zenaide Maia (PSD).
Há um desejo explícito dos petistas de reaproximação com a senadora do PSD. Desejo manifestado de diversas formas. Desde contatos diretos de lideranças, ou por intermediários, até declarações públicas, por meio de entrevistas.
Ultimamente, esses acenos estão no limite da pressão, com nomes destacados do PT se revezando em cobranças públicas à senadora, dentre eles o secretário do Gabinete Civil do Estado, Raimundo Alves (braço direito de Fátima), e o deputado federal Fernando Mineiro.
Zenaide, por sua vez, não tem dado respostas aos sinais, muito menos à pressão petista. Em paralelo, ela vem indicando que não pretende abrir mão da aliança com o prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra, que faz oposição ao governo de Fátima Bezerra.
Nem sempre foi assim. Ano passado, o PT não deu a mesma importância a Zenaide Maia nas eleições municipais, especialmente em São Gonçalo do Amarante, quando fez todos os esforços para reeleger o filiado Eraldo Paiva e derrotar Jaime Calado, marido da senadora e que acabou sendo eleito.
A diferença de tratamento do PT, claro, está relacionada diretamente aos interesses eleitorais da legenda. O partido quer Zenaide reforçando a chapa que terá Fátima Bezerra disputando novamente o Senado e Cadu Xavier, o Governo. E nem cogita vê-la disputando a reeleição em faixa própria ou, pior, por outra corrente política.
Já em relação a Jean Paul Prates, até segunda ordem, está mesmo descartado dos planos do PT.