Muita gente aposta na nacionalização das campanhas deste ano, voltadas para eleger prefeitos e vereadores e, portanto, de interesse mais restrito aos municípios.
Por nacionalização, entenda-se a proposta de fazer com que as campanhas municipais sigam a polarização gerada a partir da disputa nacional. Resumindo: entre o lulismo e o bolsonarismo.
Mas o que se tem visto, até agora, é que esse efeito tem sido muito reduzido. Vamos tomar como exemplo as duas maiores cidades do Rio Grande do Norte: Natal e Mossoró.
Temos como um bom parâmetro a recente passagem do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelas duas cidades. Em Natal, ele subiu há três semanas no palanque de Paulinho Freire (União). Em Mossoró, no de Genivan Vale (PL).
E o que se vê, três semanas depois, em quadro já medido por pesquisas, é que a vinda de Bolsonaro pouco acrescentou aos candidatos locais.
Em Natal, Paulinho continua com índices de intenção de voto semelhantes aos que já apresentava antes. O mesmo ocorre com Genivan na capital do Oeste.
Podemos ter nas próximas semanas uma reedição desse processo, pois o PT já anunciou que Lula virá pelo menos a Natal para tentar impulsionar o projeto do PT de levar Natália Bonavides à Prefeitura. Mas vale, desde já, questionar o impacto local do líder maior dos petistas.
Afinal, Lula já participou de outras campanhas em Natal e não produziu grandes efeitos para seus candidatos. Em 2008, foi assim. Ele fez um comício muito badalado na Zona Norte com um palanque recheado em favor da então candidatura de Fátima Bezerra ao Palácio Felipe Camarão. Semanas depois, Fátima acabaria derrotada por Micarla de Souza já no primeiro turno e não conseguiu sequer provocar a segunda rodada da disputa.
Antes que os mais radicais tentem desqualificar o que se diz aqui, não estamos dizendo que Lula e Bolsonaro são atores políticos desprezíveis na cena local. Longe disso. Ambos são, hoje, os principais líderes políticos do país e possuem influência em todo o território nacional.
O que se questiona é o alcance dessa influência. Até agora, tem sido bastante reduzida nas campanhas municipais das duas maiores cidades potiguares. O que autoriza a conclusão de que os discursos dos maiores líderes nacionais não estão agregando novos eleitores aos seus candidatos, estando limitados às respectivas bolhas formadas pelos que já os seguem.