No dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra a Mulher, o Governo Federal anunciou medidas para coibir o problema. Entre elas, campanha para sensibilizar, esclarecer e convocar os brasileiros para uma união nacional contra o crime.
“Nós temos que criar meios para dissuadir os agressores. Criar normas, leis, que os façam sentir, que os façam cada vez mais se arrependerem dos seus atos. É uma política que continua, que se acelera em nosso governo”, disse o presidente da República, Jair Bolsonaro.
Maria (nome fictício) tem uma história de violência doméstica e resolveu que o melhor era falar e denunciar seus agressores. Aos 46 anos, com três filhos, Maria não ficou calada. No primeiro relacionamento, disse que o filho foi testemunha na delegacia. No segundo, embora não tenha sofrido violência física, contou que foi extorquida e saqueada. Já no terceiro relacionamento, Maria acreditou no futuro sem agressões.
“Conheci um homem que não bebia e achei que era o homem da minha vida. Com três meses, comecei a ver indícios. Já tenho idade pra saber o que é bom pra mim. Mas, quando tentei sair, comecei a sofrer agressões físicas de andar toda roxa no condomínio e ele confiscou meu telefone”. Ela contou que durante os anos aprendeu a se valorizar, denunciou o ex-parceiro e busca novos caminhos na vida.
Maria não é exceção. No Brasil, 536 mulheres são agredidas fisicamente por hora; 66% das mulheres, entre 16 e 24 anos, sofreram algum tipo de assédio no último ano; 70% das agressões ocorrem dentro de casa; e 65% dos agressores são os próprios parceiros ou ex.
Medidas de enfrentamento à violência
No Palácio do Planalto, a ministra da Mulher, Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, anunciou que a partir de janeiro do ano que vem todas as delegacias do país também serão delegacia da Mulher. Segundo a ministra, só 9% dos municípios brasileiros possuem delegacia da Mulher, e 19% algum órgão de defesa da mulher.
“Vamos capacitar todos os agentes de delegacias do Brasil. Vamos capacitar todos os delegados. Nem que seja uma salinha pequenininha, todas as delegacias do país estarão capacitadas para receber mulheres”, explicou.
Novidade também no Ligue 180. A partir de janeiro de 2020, o canal irá ter serviço por videoconferência para atender também às mulheres surdas. Já o programa Salve uma Mulher vai capacitar profissionais de diferentes áreas para reconhecer e ajudar uma mulher vítima de violência. De acordo com a ministra, serão qualificados 340 mil agentes de saúde, 106 mil agentes dos Correios, 30 mil conselheiros tutelares, 1.722 defensores públicos da União e 400 mil médicos. “Em três anos, serão quatro milhões de pessoas”, disse a ministra.
Campanha
Para que mais mulheres denunciem abusos, maus tratos e qualquer tipo de violência, a Secretaria Especial de Comunicação (Secom) lançou, nesta segunda-feira (25), a Campanha de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher 2019. Com a hashtag #vctemvoz, a campanha quer incentivar as mulheres a não se calarem em caso de agressões, acionando a Central de Atendimento à Mulher, Ligue 180.
Várias peças publicitárias serão veiculadas em canais de TV, rádio e redes sociais. A dupla de cantoras Simone e Simaria estampa a campanha com a música Amor que Dói:
“Por muito tempo eu fiquei calada mesmo vivendo tanta coisa errada; um pesadelo que não tinha fim, sempre era assim. E essa rosa agora não adianta nada. Mais uma vez, sua desculpa não apaga as marcas dessa dor, que você deixou. (…) Amor que dói não é amor”, diz a música.
Ligue 180
O Ligue 180 funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana, no Brasil e em outros 16 países: Argentina, Bélgica, Espanha, EUA (São Francisco e Boston), França, Guiana Francesa, Holanda, Inglaterra, Itália, Luxemburgo, Noruega, Paraguai, Portugal, Suíça, Uruguai e Venezuela. O serviço também é oferecido por e-mail (ligue180@mdh.gov.br), Ouvidoria Online e pelo aplicativo Proteja Brasil. A ligação é gratuita e confidencial.