Na tentativa de conquistar corações e mentes de setores da direita em Natal, em busca do seu projeto de chegar ao Palácio Felipe Camarão, o deputado federal Paulinho Freire (União) tem vestido com dedicação o figurino do bolsonarismo.
Há dois meses, ele já havia assinado um requerimento para o impeachment do presidente Lula e agora, na última semana, seguiu outro roteiro associado à extrema-direita, ao endossar a proposta de abertura de uma CPI dos Respiradores do Consórcio Nordeste. Paulinho foi um dos dois deputados federais do Rio Grande do Norte a assinar a peça — o outro foi General Girão (PL).
Pouco antes, há duas semanas, Paulinho já havia votado pela soltura do deputado Domingos Frazão, preso por ser suspeito de encomendar a morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.
São atitudes que não combinam com a trajetória política de Paulinho Freire, dono de um perfil mais moderado e ideologicamente de centro.
Ocorre que ele agora é pré-candidato à Prefeitura de Natal e quer os votos dos bolsonaristas locais.
Um passo que, em tempos de vigilância nas redes sociais, pode ajudar no intento do pré-candidato do União Brasil, mas que também traz seus riscos. Um deles é o de a estratégia soar artificial e, assim, não apenas não convencer os extremistas como ainda afastar o eleitor mais moderado.
Vale lembrar que o também deputado Sargento Gonçalves (PL) questiona publicamente o possível viés direitista de Paulinho. Gonçalves afirma que os votos do colega na Câmara são majoritariamente mais favoráveis que contrários às matérias de interesse do Governo Lula.
Está clara a aposta de Paulinho de buscar atrair os votos da direita mais radical. Até porque são remotas as chances de angariar a simpatia da esquerda, mais identificada com a petista Natália Bonavides.
O resultado da aposta de Paulinho, só saberemos nos próximos meses.