Desde que assumiu o comando da Petrobras, ano passado, Jean Paul Prates não tem tido sossego. Nada a ver com o desafio natural de administrar uma gigante mundial do petróleo como é a companhia brasileira. Estamos falando mesmo da questão política.
O carioca que já foi senador pelo Rio Grande do Norte e que tem atuação política por aqui enfrenta pressões de todos os lados nesse campo. A maior delas vem da Esplanada dos Ministérios, onde tem gente graúda de olho gordo na sua cadeira.
A começar do ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, em tese seu superior hierárquico e que deveria nutrir uma relação mais harmônica com Prates. Mas que, ao contrário, faz questão de publicizar sua rivalidade e fustigar o presidente da Petrobras sempre que tem oportunidade.
Também paira sobre Jean Paul Prates fogo nada amigo lançado pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa. Ocupante de um gabinete que fica a uma parede do do presidente Lula, o ex-governador da Bahia age forte nos bastidores para derrubar o atual comandante da cobiçada companhia. O baiano quer a empresa sob seu controle.
A crise enfrentada por Jean Paul Prates viveu seu ápice há duas semanas, mas nos últimos dias as notícias são de que as ameaças sobre ele diminuíram de intensidade. O próprio presidente da Petrobras se articulou politicamente, inclusive no Senado que já integrou, e bombeiros também entraram em ação para mantê-lo no cargo, sendo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o mais decisivo em sua defesa.
Está faltando, porém, alinhar as coisas com o chefe. Ou seja, com Lula. Jean Paul Prates vem tentando, há diversos dias, uma audiência com o presidente. Até agora, sem sucesso. Mas a grande imprensa já noticia que ela deverá acontecer assim que Lula voltar da viagem que fará hoje à Colômbia. Com tendência de Prates acertar os ponteiros com o presidente.
Sim: na mesma Esplanada por vezes tão hostil a Prates, o cenário de momento indica que o pior para ele já passou. Claro que isto até segunda ordem, conforme reza o dinamismo próprio da política.
De todo modo, parafraseando os meteorologistas: a previsão é de tempo mais estável para Jean Paul Prates à frente da presidência da Petrobras.