Com um dia de atraso, a superintendência regional do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) levou a efeito a interdição parcial da ponte de Igapó. Uma medida que foi anunciada praticamente na véspera, sexta-feira passada (8), com apenas um dia útil de antecedência e em meio a um feriadão. E que terá duração anunciada de 12 meses.
Por aí se tira a valorização que o DNIT no Rio Grande do Norte dá à transparência dos seus atos. Ao cuidado com as informações que deveria prestar a quem o sustenta: a população.
A interdição da ponte de Igapó, via que registra um movimento diário de 70 mil veículos, é controversa por diversos aspectos.
Um deles é exatamente a repentina urgência com que o DNIT está tratando a questão. Ainda em junho passado, três meses atrás, o órgão federal gerido no Estado pelo superintendente Getúlio Batista informava que a ponte poderia suportar o movimento normal do trânsito. Na época, a ponte já estava parcialmente interditada por conta das obras na avenida Felizardo Moura e, assim como o DNIT comunicou à Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (STTU), foi reaberta sem problemas.
Voltando um pouco mais no tempo, em março deste ano, a ponte foi alvo de uma bomba, em meio à onda de atentados criminosos. O DNIT garantiu que o artefato não comprometeu a estrutura do equipamento e não oferecia risco às pessoas. Entendimento que contrariou parecer do CREA, recomendando a interdição da via.
Agora, o DNIT promove mais uma reviravolta sobre a ponte. Sem avisar a população com uma margem razoável de antecedência, nem dar muitas explicações técnicas. Apenas soltou uma nota lacônica, comunicando a decisão.
Desde que o superintendente Getúlio Batista assumiu o DNIT/RN, em maio passado, o órgão adotou um modelo encastelado de administração. Mesmo sendo uma autarquia mantida com dinheiro público, simplesmente não dá muita satisfação ao contribuinte potiguar. Nem Getúlio Batista, nem nenhum dirigente costumam atender a convites dos veículos de imprensa para entrevistas.
Inclusive agora, com o súbito anúncio de interdição da ponte de Igapó. Sequer fez algum contato prévio com a STTU, órgão que gerencia o trânsito em Natal. Até onde se sabe, resolveu delegar a responsabilidade para a Polícia Rodoviária Federal, que ficará assim encarregada de cuidar do tráfego nos cerca de 600 metros de extensão da ponte. A STTU continua responsável pelo resto do trecho.
É o que se sabe até o momento. Enquanto isso, resta à população fazer figa para dar tudo certo. Aliás, a população não apenas de Natal, da Zona Norte da cidade, mas também de São Gonçalo do Amarante, de Extremoz, de Ceará-Mirim e de outros municípios cujos moradores utilizam a ponte para se deslocar à capital.
Não contem vocês, moradores de todas essas cidades, com a boa vontade do comando de plantão do DNIT para dar muitas explicações sobre nada.
Por aqui, a sigla do DNIT parece ter adquirido outro significado: “Decidi Não Me Importar com a Transparência”.