A conclusão é unânime: a campanha para a Presidência do Brasil nunca teve um nível tão baixo e grosseiro.
Desde sempre, já se sabia que seria uma disputa acirrada e composta por dois extremos. Isto, porém, não deveria ser encarado como salvo-conduto para um vale-tudo. Os disparos mútuos de ataques pessoais, fake news e artifícios ainda mais rasteiros deveriam fazer corar a quem se dispõe a governar. A realidade comprova o inverso.
Como não há nada tão ruim que não possa ser piorado, os brasileiros mais interessados com a melhoria de sua condição de vida precisam se preparar. Isto porque, em meio à profusão de baixarias das campanhas — as duas, de Lula e Bolsonaro —, está passando despercebido pela grande maioria a escassez, para não dizer inexistência, de propostas para o futuro.
Não se sabe com clareza o que os dois candidatos pretendem fazer com questões urgentes para o Brasil. Alguém aí tem conhecimento sobre o que Lula e Bolsonaro querem fazer exatamente para, por exemplo, efetivamente conter a inflação? Ou quais suas medidas para reduzir o déficit educacional agravado pela pandemia da Covid-19? E para dar mais moradias à parcela da população que hoje não dispõe de uma?
São inúmeras as dúvidas — e nenhuma certeza. Por (ir)responsabilidade direta, repita-se, dos dois nomes que foral levados à rodada final da eleição.
Tanto Lula quanto Bolsonaro têm feito de tudo na campanha. Tudo o que não deveriam fazer. Ao agirem assim, mostram pouco compromisso efetivo com o Brasil e com os brasileiros.
Não entra ideologia aqui nesse papo. Não tem nada relacionado com esquerda, com direita, muito menos com centro. Os dois candidatos, antagônicos e representando polos totalmente opostos, igualam-se no superficialismo e no escapismo quando cobrados sobre o que tencionam fazer nas áreas vitais para a população, como Economia, Saúde, Educação e Segurança Pública.
Em suma, buscam um cheque em branco. Um dos dois vai conseguir.
Os eleitores lulistas e bolsonaristas que não atentam para a questão têm grande responsabilidade nesse contexto. Sobretudo porque não fazem sua parte para cobrar seus representantes na disputa. Acabam, em sua quase totalidade, conformando-se sem muitos questionamentos com a troca de agressões pessoais entre os seus candidatos, como se participassem de um concurso para ver quem grita mais e quem tem a militância mais engajada.
Que estes e, de resto, o eleitorado geral fiquem cientes: reclamar depois do dia 30 não vai adiantar. Será tarde. E, portanto, inútil.