Todas as manhãs, ao entrar na academia, passo por um jovem vendedor de salada de frutas que, em seu pequeno carrinho de mão, recebe a cada um com largo sorriso e votos de bom treino.
Ao sair, todos são recebidos pelo simpático jovem, que volta a cumprimentar e a desejar “um excelente dia de trabalho”, “boa semana”, “Jesus abençoe”, levantando o moral de qualquer um que passe por ali, mesmo que ainda não seja seu cliente.
Chova ou faça sol, o sorriso e o desejo que o outro esteja bem são os mesmos, e seu entusiamo é contagiante, fazendo com que seu interlocutor, por mais aborrecido ou preocupado que esteja, saia desse campo vibracional e force um sorriso de volta, devolvendo a gentileza gratuitamente recebida.
Esta qualidade não faz o jovem vender somente saladas, mas, também, entusiasmos que criam uma onda vibratória, possibilitando a transformação do dia daquele que se dignar a prestar a atenção nos pequenos milagres da vida.
Na Segunda Guerra Mundial, o General Douglas MacArthur, Comandante Supremo Aliado, utilizou, como arma, os seus discursos dirigidos às tropas que combatiam o nazi-facismo no palco de guerra europeu.
Assim, MacArthur, sabendo que necessitada criar estados mentais de coragem e ânimo, também vendia entusiasmo para todos, citando, em suas preleções, o belo poema da “Juventude”, do poeta americano Samuel Ullman, o qual continha o seguinte trecho:
“Quer tenham sessenta ou dezesseis anos, existe no coração de cada ser humano a atração da maravilha, o infalível apetite infantil do que vem a seguir e a alegria do jogo da vida.
No centro do seu coração e do meu coração, há uma estação sem fio…
Contanto que receba mensagens de beleza, esperança, alegria, coragem e poder dos homens e do infinito, vocês serão sempre jovens”.
Em meio a mais sangrenta guerra dos últimos séculos, as palavras de Ullman, repercutidas por MacArthur, enchiam o coração dos jovens de ânimo e esperança, devolvendo-os ao front com fé renovada na luta contra a tirania.
É um fato que há tempos difíceis em todas as gerações. Na nossa, enfrentamos uma pandemia que matou quase 5 milhões de pessoas, e os seus efeitos nefastos na economia devastaram países inteiros, onde o exército que cresce a olhos vistos é o dos sem lar, sem comida e sem trabalho, espargindo, não somente a carência, mas, também, o desgosto e a apatia que paralisam nossas ações.
Nestes tempos, as palavras de entusiamo, quaisquer que sejam, as minhas, as suas, as de Ullman, MacArthur ou as do jovem vendedor, passam a ser poderosos dínamos que nos dão a força necessária para enfrentar os numerosos desafios que a vida nos impõe, revitalizando-nos à alma e renovando nossa esperança em um futuro melhor.
A propósito, o futuro não é um evento isolado e longínquo, mas uma cadeia de acontecimentos que se origina no agora, no presente, onde temos e podemos aprender com os erros, repetir os acertos e espremer os limões para fazer limonadas, moldando o amanhã à imagem que germina em nossos corações.
Portanto, busquemos ouvir boas palavras, ler livros e histórias empolgantes, assistir filmes inspiradores, uma vez que estes também são pílulas motivacionais que não nos deixam perder o ânimo e aprisionar nossa vontade de transformar a realidade.
Por esta razão, e por, diariamente, suscitar à reflexão de que somos artífices de nossos destinos, é que sou grato ao jovem vendedor e a todos aqueles que, conciente ou inconscientemente, têm nos inspirado a agir com coragem e bom ânimo em mares revoltos.
Não percamos o entusiasmo. Como disse Ullman, “perder o entusiasmo é criar rugas na alma”.