Os moradores dos grandes centros urbanos estão se deparando com um dos mais devastadores efeitos da pandemia, que é o desemprego e, consequentemente, o aumento de pessoas nos cruzamentos das avenidas, pedindo qualquer ajuda financeira aos motoristas que aguardam o sinal verde.
De fato, com um ano de pandemia e políticas públicas vacilantes, que ora abria, ora fechava o comércio, o resultado se traduziu em demissões em massa e um saldo negativo de fechamento de empresas em diversos setores, principalmente nos do turismo e do entretenimento.
A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) realizou, em março passado, um levantamento que, considerando a quantidade de empresas abertas e fechadas em 2020, indicou um déficit de 75 mil estabelecimentos comerciais que não resistiram à pandemia, sendo que destes, 98,8% são micro e pequenas empresas que encerraram suas atividades por todo país, havendo mais impacto em São Paulo (20,30 mil lojas), Minas Gerais (9,55 mil) e Rio de Janeiro (6,04 mil).
Diante deste fenômeno, 13,5 milhões de brasileiros, dos quais 4,1 milhões são jovens com idade entre 18 e 24 anos, ficaram desempregados, segundo a Carta de Conjuntura elaborada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), e divulgada na semana passada, que também constatou que, em janeiro de 2021, houve uma retração dos postos de trabalho no país para 86,1 milhões, ou seja, bem abaixo do observado antes da pandemia, que era de 94 milhões, em janeiro de 2020.
Gente desempregada, transformada em pedinte, é somente a ponta do iceberg, uma vez que os números acima traçam uma forte tendência de aumento da violência, com arrastões e saques que podem empurrar o Brasil para uma das mais sérias convulsões sociais de sua história.
Assim, embora este momento ainda exija a atenção à vacinação nacional e à imunização de rebanho contra o coronavírus, devemos começar a planejar o abrigo que nos protegerá da tempestade perfeita que desponta no horizonte, sendo imperativo a participação imediata de todos – cidadãos, instituições e governos – no sentido de amparar os muito que estão vulneráveis.