Este 14 de março é a data em que se marca um ano desde o primeiro óbito, no Brasil, de uma vítima da covid-19.
Passado um ano de convivência com esta doença mundial, não temos como não pensar, surpreender-nos e nos chocar com a média diária de 2 mil mortes, aproximando-se, neste ritmo, de 300 mil vidas perdidas no fim da próxima semana.
No início da pandemia, as autoridades sanitárias municipais, estaduais e federais diziam que não tinham tido tempo para adequarem o Sistema de Saúde Pública às demandas crescentes de casos de covid-19, sendo justificável, naquele momento, várias medidas de isolamento social para “achatar” a curva estatística de internações.
O que não conseguimos compreender é que, depois de 365 dias de angústias e perdas, o discurso das autoridades permaneça o mesmo, imputando, quase que na totalidade, a responsabilidade da atual situação catastrófica ao povo, apesar deles saberem da grave morbidade e letalidade trazidas em outras ondas de contágio.
O povo não é responsável, sozinho, por esta tragédia. Sim, houve aglomerações pontuais e extremamente condenáveis, mas a esmagadora maioria adotou, no seu dia a dia, higienização das mãos, uso de máscaras e distanciamento social, criando novos hábitos em pouquíssimo tempo, o que demonstra evidente colaboração e empatia no combate deste mal.
Ao contrário, as autoridades não fizeram seu dever de casa, uma vez que, sem qualquer preparo ou plano, não estruturaram a rede de saúde pública, fazendo com que os problemas de agora permaneçam os mesmos do início: faltam leitos de uti e insumos básicos, falta oxigênio, faltam profissionais e sobram politizações e questionamentos.
Faltou competência, no mínimo, de praticamente todas as autoridades do país, desde o presidente falastrão, até governadores e prefeitos espertalhões que, ao verem os cofres abertos do Erário, sentiram a oportunidade de contratos de emergência vultosos, sem licitação e bastante duvidosos, gerando investigações de desvios de 1,5 bilhão de reais, somente em 2020, de recursos públicos, em todos os 26 Estados brasileiros e no Distrito Federal.
Como pouco se avançou no combate à covid, restou ao Poder Público tirar sua carta de seguro e culpar a população e seus opositores políticos, adotando, por decreto, medidas arbitrárias e inconstitucionais para validarem a sua narrativa, politizando um tema que jamais deveria ter sido politizado, que é o tratamento médico.
Neste particular, é imprescindível que se diga que a medicina não pode servir a dois senhores, não devendo ser ponta de lança para desestabilizar adversários políticos, jogando com a vida humana ou transacionando os tratamentos médicos com os olhos voltados para o calendário eleitoral.
A medicina só pode servir a um senhor: a ciência, que, durante este período, não faltou à humanidade, uma vez que conseguiu produzir vacinas em menos de 2 anos, proeza esta jamais ocorrida na história mundial.
No entanto, não basta só vacina para vencermos esta ameaça e alcançarmos a imunidade de rebanho. É necessário que haja uma união nacional em defesa da vida, deixando de lado as picuinhas políticas e os atos espetaculosos para focar em campanhas educativas, estruturação da rede de saúde e vacinação em massa, evitando a macabra precisão de 500 mil mortes até julho próximo.
Enfim, neste aniversário de primeiro ano da pandemia, ao mesmo tempo em que se comemora a chegada da vacina, apagamos a velinha com um desejo: consciência; consciência ao povo e, principalmente, às autoridades deste país, para que deixem de disputas políticas e se unam em prol da preciosa vida humana.