A terceira semana de janeiro de 2021, no que se refere à pandemia de covid-19, iniciou com um bafejo de esperança e alento para os brasileiros, que passarão a integrar o grupo de cerca de 50 países que já aplicaram, até o último dia 15, mais de 38 milhões de doses imunizantes em todo o mundo.
Depois da tão aguardada reunião da ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária – no domingo passado, que liberou o uso emergencial das vacinas Astrazeneca, desenvolvida pela Universidade de Oxford e pelo laboratório britânico homônimo, e Coronavac, produzida pelo laboratório chinês Sinovac Life Science em parceria com o Instituto Butantan, o Ministério da Saúde encetou a distribuição das doses já adquiridas aos Estados brasileiros.
Neste primeiro momento, são 2 milhões de doses da vacina Astrazeneca e 6 milhões da Coronavac, sendo que, a respeito desta última, o Butantan declarou que entregará ao Ministério da Saúde, até fim fevereiro deste ano, mais 5 milhões de doses; até junho, mais 100 milhões; e, no segundo semestre, mais 110 milhões, o que poderá imunizar cerca de 50 milhões de pessoas no país.
Além da Astrazeneca e Coronavac, há mais 11 vacinas que estão na fase III de testes ou já a concluíram, dentre elas, o imunizante da Pfizer/BioNTech, que é o mais utilizado no mundo, e a Sputnik V, do governo russo e o do Centro Gamaleya, estando em processo de registro na ANVISA.
O plano nacional de imunização contra a covid-19, do Governo Federal, apontou para a necessidade de vacinar, no mínimo, 70% da população para interromper a circulação do vírus, optando por se principiar com três grupos prioritários, visando reduzir a morbidade e mortalidade, quais sejam:
I (trabalhadores de Saúde; pessoas de 75 anos ou mais; pessoas de 60 anos ou mais institucionalizadas; população indígena aldeado em terras demarcadas aldeada, povos e comunidades tradicionais ribeirinhas);
II (Pessoas de 60 a 74 anos); e,
III (pessoas com morbidades: diabetes mellitus; hipertensão arterial grave; doença pulmonar obstrutiva crônica; doença renal; doenças cardiovasculares e cerebrovasculares; indivíduos transplantados de órgão sólido; anemia falciforme; câncer; obesidade grave).
É importante esclarecer que as duas vacinas em uso no Brasil serão aplicadas em duas doses e dentro de um período de 2 a 4 semanas, desde que o indivíduo não apresente sintomas de doenças agudas febris moderadas ou graves. Também não são indicadas para menores de 18 anos, gestantes e pessoas que já apresentaram uma reação anafilática confirmada a uma dose anterior de uma vacina contra COVID-19 ou a qualquer um de seus componentes.
Com a autorização do uso emergencial, pela ANVISA, das primeiras vacinas no país, acirrou-se a disputa pessoal entre o Presidente Jair Bolsonaro e o Governador de São Paulo, João Dória, que travam um jogo político baseado na egolatria de ambos, cujo prêmio é a cadeira de Presidente da República em 2022, não importando o enorme custo de vidas já perdidas para a doença.
Não obstante, poucos minutos depois de ter seu uso autorizado, o Governador João Dória promoveu uma coletiva para vacinar, ao vivo, a primeira pessoa a receber a dose da Coronavac, que foi a paulista Mônica Calazans, de 54 anos, enfermeira na rede pública de saúde do Estado de São Paulo, o que inaugura a vacinação no país e abre a perspectiva de redução do impacto da pandemia na vida do povo brasileiro.
Assim, é imperioso reafirmar que a politização das vacinas é um desserviço à sociedade, uma vez que atinge a credibilidade de uma tecnologia de saúde pública capaz de evitar angústias, dores e lágrimas, tais quais estas que vincaram a face dos familiares de mais de 210 mil brasileiros que deixaram o palco terrestre desde março de 2020.