Desde o último domingo, com o resultado final das eleições municipais em segundo turno, vemos análises que falam em vitórias mais à direita e derrotas mais à esquerda — e vice-versa, dependendo do ponto de vista. E que apontam a derrocada dos candidatos alinhados com o presidente Jair Bolsonaro. Em geral, são avaliações que não estão de todo incorretas.
Mas, para além das considerações ideológicas ou partidárias, há um ponto que salta mais aos olhos, após a apuração das urnas de novembro: a população elegeu quem considera ter mais serviços prestados — ou mais capacidade para realizá-los.
Diante da enorme fragmentação partidária hoje no Brasil, com 32 legendas aptas a disputar eleições, poucos ainda ligam se determinado candidato defende partido A ou agremiação B. O que a imensa maioria da população quer são ações práticas e positivas que a ajudem no dia-a-dia. Quer a limpeza das ruas, vias sem buracos, escolas e postos de saúde funcionando a contento.
Em 2020, a Covid-19 entrou como componente extra em nossas vidas. Gestores que tiveram boa atuação diante dos desafios da pandemia mereceram a aprovação dos brasileiros nas cidades país afora. Com isso, receberam a retribuição nas urnas, elegendo-se ou aos seus candidatos. Em sentido contrário, quem teve desempenho abaixo da crítica no combate ao novo coronavírus viu sua popularidade escorrer pelo ralo e, consequentemente, também amargou resultado eleitoral adverso.
São traços que mostram que a população no Brasil — seja no Rio Grande do Norte, no Sudeste no Sul e em todas as outras regiões — está cada vez mais interessada (e de olho aberto) em quem tem capacidade para administrar bem a coisa pública. E cada vez menos afeito a guerrilhas ideológico-partidárias.
As urnas indicaram que conceitos como nova política, velha política, direita e esquerda tendem a cair em desuso. A virarem somente peças de retórica vazias.
O recado das eleições recentes foi claro: o que o povão quer mesmo é resultado para suas vidas. Quem insistir em não entender essa mensagem vai colher novo insucesso daqui a dois anos.