Por meio dos sonhos, José – filho preferido de Jacó – foi alçado, de escravo e prisioneiro, a homem de glória e poder sobre as terras do Egito antigo.
O poeta florentino Dante Alighieri hauriu-se dos sonhos lúcidos para a inspiração que lhe guiou até a obra-prima “Divina Comédia”.
Foi o sonho de liberdade que norteou a luta de Zumbi dos Palmares e seus irmãos na defesa do Quilombo, no Brasil Colonial, contra a escravidão e o poderio português.
Martin Luther King sonhou com a união e harmonia entre brancos e negros nos EUA, catalizando transformações significativas na causa da igualdade e justiça racial, iniciando um processo evolutivo que permitiu Barack Obama, anos mais tarde, ocupar o maior cargo da nação.
Leonardo da Vinci, o polímata italiano, sonhou e projetou máquinas inimagináveis na época, até Santos Dumont, cinco séculos depois, construir o 14-bis e tomar os céus de Paris.
Tudo nasce nos sonhos e desejos humanos, sendo que muitos deles se transformam em conquistas da humanidade, enquanto outros, quando deturpados, materializam-se em atitudes caóticas que conduzem a desastres e guerras empalmadas em “boas intenções”.
O terceiro reich sonhou em unir a Europa e produziu o holocausto judeu; a ilusão da igualdade absoluta inspirou as ditaduras socialistas que ceifaram milhões de vidas e escravizaram cidadãos; o pretexto da democracia fomentou a corrupção que retirou do seu povo alimentos, medicamentos e educação.
Estes sonhos adoecidos foram colhidos nos corações repletos da ganância cega, da sanha de dominação desenfreada e do ódio gratuito de alguns que se guiaram pelos sentimentos mesquinhos e egocêntricos.
É certo que sonhos são a força motriz da humanidade, que evolui em ciclos de crises e superações, gerando conhecimento e amadurecimento a cada etapa vencida.
E estes avanços motivam mais desafios, outros sonhos, como este que ora se narra, de progresso e paz, anunciando-se a aurora de um novo tempo que despontará no horizonte.
Depois da pandemia que enfadou o mundo de medo e mortes, há o sonho esperançoso de chegar o tempo da saúde material e espiritual, em que a sinceridade, a transparência e a ética guiarão as relações humanas, não sucumbindo ante as falsidades que jazem nos interesses escusos revestidos de fria delicadeza.
Pessoas de boa índole, que têm se esquivado de embates em troca de uma suposta paz, testemunharão que a não resistência alimentou o que há de pior no homem, e não mais se calarão diante daqueles que, a todo custo, querem impor violentamente sua vontade mesquinha aos outros.
Causas tão caras à humanidade, tais quais o feminismo, o combate à miséria e o respeito às minorias deixarão de ser usadas como pano de fundo para difundir ódios e ressentimentos ou promover indivíduos mais interessados em projetos de poder ou de fama próprios.
Por enquanto, ainda são só sonhos, mas este tempo chegará quando o mundo compreender que a energia vital que irriga a existência é o amor.
Afinal, o amor é o único sonho pelo qual ninguém se arrepende, pois é dínamo da vida e da verdade prenunciada pelo mestre nazareno, que liberta o homem dos grilhões da escuridão.