Jogar bons alimentos no lixo enquanto milhares de pessoas passam fome é inaceitável. Com o desafio diário de ajudar instituições sociais que cuidam de pessoas em situação de vulnerabilidade a colocar comida na mesa, a Prefeitura do Natal, através da Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social (Semtas), iniciou um processo de reestruturação do Banco de Alimentos, a fim de captar novos doadores com o objetivo de reduzir o desperdício, ampliar o número de instituições beneficiadas e conseguir parcerias para aquisição de voluntários.
Hoje, com apenas as doações da Feira de Agricultura Familiar, o programa administrado pelo Departamento de Segurança Alimentar da Semtas consegue atender sete instituições, mas com a nova reestruturação, a expectativa é de que, no mínimo, dobre esse número. “A Prefeitura, por meio da Semtas, tem dado sua contribuição para reconhecer a existência do programa Banco de Alimentos dentro da Política de Segurança Alimentar. Combater a fome e o desperdício oferecendo alimentação digna e de qualidade para pessoas que se encontram em situação de vulnerabilidade e insegurança alimentar é também prioridade da minha gestão”, afirma o prefeito Álvaro Dias.
O Brasil está no ranking dos países que mais desperdiçam alimentos. Enquanto isso, no município, o total de famílias inscritas no Cadastro Único até novembro/21 era de 98.489, das quais 55.845 famílias com renda per capita familiar de até R$ 89 e 55. 845 pessoas na extrema pobreza. Buscando sempre melhorias, no ano passado, o secretário da Semtas, Adjuto Dias, fez uma visita ao Banco de Alimentos de Porto Alegre (RS), considerado referência nacional. A visita fez parte do planejamento para a reestruturação aqui em Natal.
“ Diante dos dados colhidos, fomos buscar a experiência exitosa para implantar a reestruturação do nosso Banco de Alimentos. Assim como eles, queremos ser referência no combate à fome e ao desperdício. Atendemos hoje sete instituições e nossa expectativa é que alcance o maior número possível daqui pra frente. Para isso, precisamos do apoio e da parceria das empresas e da sociedade civil. Às vezes um produtor ou uma empresa perde produtos alimentícios por não ter conhecimento de um local seguro e confiável que possa doar. Este local é o Banco de Alimentos da Semtas”, assegura.
Segurança alimentar
A comida arrecadada geralmente está próxima de vencer ou são produtos que, porventura, danificam sua embalagem sem comprometer o conteúdo, mas que impede de ser vendido ou ainda alimentos que seriam jogados no lixo. O programa recolhe e seleciona o que pode ou não ser doado. A diretora do Departamento de Segurança Alimentar, Marlene Ramalho, relata que a missão do programa é combater o desperdício e a fome, por isso é feito todo um trabalho em equipe multidisciplinar do início ao fim do processo, tanto com os doadores quanto com as instituições beneficiadas.
“Não doamos por doar. Existem vários critérios para o consumo e para qual instituição será entregue. Como já temos o cadastro das instituições, já sabemos o perfil que ela atende. Antes da doação, é feita de forma criteriosa a escolha para que seja enviada uma quantidade que supra, garantindo que aquele produto vai ser realmente utilizado”, relata. Marlene ressalta ainda, a importância das políticas desenvolvidas pela atual gestão e destaca a integração existente entre os órgãos da Prefeitura que trabalham para atender a população mais vulnerável da cidade, ainda mais no atual momento de crise com os efeitos da pandemia.
Os alimentos são doados às quartas e sextas-feiras, e não ficam armazenados no Banco de Alimentos. Eles são separados rapidamente para que haja uma distribuição eficaz. Hoje, fazem parte do programa o Lar da Vovozinha, Lar Fabiano de Cristo, Instituto da Educação e Reabilitação dos Cegos (IERC/RN), Lar do Ancião Evangélico (LAE), Casa da Criança e Casa de Idosos Jesus Misericordioso. No ano passado, mesmo com a pandemia, foram distribuídas 1.645 toneladas de alimentos, beneficiando 1.233 pessoas de todas as idades. Além disso, a parceria com a Emater, através de compra direta, doou 3.157 toneladas. A expectativa do secretário da Semtas, Adjuto Dias, é ampliar esses números.
Segundo o presidente do Instituto da Educação e Reabilitação dos Cegos, Marcos Antônio da Silva, o recebimento desses alimentos é de grande importância por trazer produtos que complementam a nutrição dos alunos e contribui para diminuir as despesas. “Como é importante ter a consciência de que o que para você pode ser uma doação pequena, para nós é muito grande neste momento. Na hora que chega folhagens, verduras e frutas eu sei que vai sobrar dinheiro para comprar uma mistura”, garante.
A inauguração dessa nova fase do projeto está prevista para dia 22 de fevereiro, e pretende contar com a participação dos fornecedores, representantes das instituições beneficiadas e de novos prováveis parceiros. Na parte estrutural, será feita uma reforma para viabilizar uma cozinha que servirá de laboratório para 53 grupos de idosos. “Entendemos que se temos hoje dois doadores e atendemos sete instituições sem fins lucrativos, com a chegada de mais parceiros esperamos que esse número dobre ou triplique. Nossa intenção é ampliar para que as instituições recebam sistematicamente o alimento. Existe um critério para participar do Banco de Alimentos. É necessário ser uma instituição sem fins lucrativos que tenha CNPJ, estar inscrita no Conselho Municipal de Assistência Social, fornecer a comida na própria instituição porque isso evita que o alimento seja desperdiçado”, admite a diretora do DSA.
Parceiros
Para as pessoas ou empresas que se interessarem em fazer doações de alimentos, a Semtas fornece o número (84) 3232-9276 . A equipe técnica fará uma visita para repassar as informações e formalizar a parceria através do termo de doação. As empresas colaboradoras receberão o selo do programa, apoio de capacitação nutricional, além de ter sua logomarca divulgada no caminhão do banco de alimentos e nas sacolas das entregas. “Nossa expectativa é de receber alimentos das grandes empresas, das parcerias com os promotores de grandes shows, parcerias com as universidades para cadastro de voluntários, e de qualquer pessoa que queira doar. Às vezes você faz uma gincana ou faz aniversário e quer receber, de presente, doações. Estamos aqui, de portas abertas, para recebê-los”, finaliza a diretora.