Para certa de 2,5 bilhões de pessoas em todo o mundo, a Páscoa, celebrada no primeiro domingo depois da primeira lua cheia do equinócio da Primavera (no hemisfério norte) ou do outono (no hemisfério sul), é uma das datas mais importantes do calendário cristão, marcando a paixão e ressurreição de Jesus Cristo, o mestre Galileu que dividiu a história em antes e depois Dele.
Os evangelistas narram que, às 15:00h de uma sexta-feira, Jesus expirou pela última vez em seu corpo físico, depois de passar por imenso suplício, ressuscitando no domingo de Páscoa (passagem, pesach, em hebraico), o que ressignificou a celebração da libertação do povo judeu, do seu cativeiro no Egito, passando a representar a libertação dos pecados pela imolação do cordeiro de Deus.
Desde então, a cada Páscoa, os cristãos são chamados a relembrar essa via crucis e a refletir sobre qual o significado dessa passagem do Cristo que, muito além dos ensinamentos deixados por Ele, doou-se à humanidade em nome de um amor que a tudo supera, inclusive a própria morte.
A reflexão é propícia para esta quadra histórica, momento em que se testemunha um mundo açoitado pela maior pandemia de todos os tempos, convulsionado social, política e economicamente, assolado por um clima cada vez mais reativo, e um recrudescimento crescente das relações humanas, potencializado pelas redes sociais.
Refletindo sobre este tempo, e observando-se uma sociedade cada vez mais narcisista e egocêntrica, percebe-se que o maior desafio continua a ser aquele proposto por Jesus há 2 mil anos: amar o próximo como a si mesmo, atitude esta que possui o condão de mudar tão profundamente a vida de quem o faz, quanto o mundo que o cerca.
Sabe-se que amar o próximo, não aquele desconhecido e sem rosto, mas este conhecido “cheio de defeitos”, é missão árdua, porém necessária, pois a prática constante da tolerância, da compaixão e do perdão é força irresistível que poderá conter a crescente onda de ódio que se alastra pelo planeta, salvando uma legião de pessoas que descambaram para doenças psíquicas e autodestrutivas.
Deve-se lembrar que cada um, de perto, é “cheio de defeitos” aos olhos do outros, mas todos, com seus fardos colhidos nos jardins das dores, são companheiros de uma jornada difícil, que é viver com propósito, sendo um caminho muito mais leve quando trilhado por muitos pés.
Portanto, a partir do legado do Mestre Jesus, que serve para crentes e ateus, o melhor jejum é compartilhar o pão; a maior penitência é o silêncio em resposta à ofensa; e a oração sincera é acompanhada de boas ações e de amor ao outro.
Boa Páscoa.