Os prefeitos que estão se mobilizando em todo o Brasil para reverter a queda de receita nos cofres de seus municípios estão recebendo apoio político de toda a parte.
Aqui no Rio Grande do Norte, a concentração do movimento aconteceu ontem, na Assembleia Legislativa. A Casa realizou audiência pública para receber a romaria dos prefeitos e para permitir que os deputados estaduais manifestassem sua solidariedade aos gestores municipais.
Membros da bancada federal também participaram remotamente, da mesma forma, para colocar seus mandatos à disposição da causa das prefeituras.
Até aí, tudo bem. Todos estão dentro do seu papel.
Destoaram apenas os discursos que buscaram polarizar a questão entre esquerda e direita, no contexto dos governos Lula e Bolsonaro. Sob a suposta alegação de que a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro abriu generosamente os cofres para Estados e Municípios, e de que Lula agora os fecha por pura perversidade, esses discursos erram o foco.
Afinal, nem Bolsonaro liberou recursos por ser bonzinho, nem Lula pretensamente fecha agora por algum impulso de sadismo político. O que aconteceu no governo passado foi um período excepcional, causado pela pandemia mundial da Covid-19, que ensejou medidas excepcionais, como a liberação de recursos extras do governo federal para os demais entes federativos.
Tentar transformar o dramático quadro financeiro dos municípios em um terceiro turno presidencial é um desserviço aos prefeitos. Por mais que haja prefeitos alimentando esse tipo de discurso.
Se há responsabilidades do governo federal para com as prefeituras, e essas responsabilidades existem, que sejam cobradas da maneira correta. Com responsabilidade, com mobilização entre os próprios prefeitos, com verdadeiro apoio político de deputados estaduais, federais e senadores. Este tem que ser o foco.
Discurso barato pode até ajudar a inflamar as claques e animar apoiadores. Mas não vai resolver o principal: o problema da falta de dinheiro.