Coluna semanal de Kennedy Diógenes
Já é Natal
Entre tantas notícias alarmantes, neste período pandêmico, aqui e acolá aparecem fatos que se destacam e vão além da informação, trazendo-nos uma mensagem positiva no enfrentamento deste desafio, considerado o maior dos últimos séculos.
Todos os dias, vídeos de profissionais de saúde, estes próceres abnegados, aplaudindo a saída de pacientes dos hospitais, recuperados da covid-19, invadem as redes sociais e jornais, espalhando o otimismo que se agiganta com a proximidade da descoberta da vacina.
Sim, nós encontraremos a vacina e, no dia que a anunciarem, manchetes estamparão os jornais do mundo anunciando o fim da Grande Guerra entre a humanidade e o vírus. Para se ter ideia, Estados Unidos, Reino Unido e China já desenvolveram vacinas promissoras com testes em animais. Aqui, o Instituto Butantan iniciará, em julho, o teste com 9 mil voluntários que, caso exitoso, viabilizará a distribuição em massa da bendita vacina, já em 2021.
Outros fatos mais prosaicos também possuem, involuntariamente, o condão de nos fornecer um certo horizonte temporal na estrada da vida, em meio à escuridão de incertezas.
Um decreto da governadora do RN é um desses fatos pitorescos: o que nos trouxe, para este 12 de junho, o feriado dos mártires de Uruaçu e Cunhaú, que é celebrado oficialmente, há quase duas décadas, no dia 03 de outubro.
Assim, o mês junino, que não será saboreado ao talante nordestino, em virtude do isolamento social, passa a ter, por pura obra do acaso, gosto de fim de ano, resgatando a memória individual e coletiva das experiências vivenciadas nos feriados santificados anteriores.
Nesse exercício de antecipação, faremos a nossa parte: aproveitaremos para parabenizar os aniversariantes do mês de outubro e começaremos a elaborar a lista de presentes de Natal, o que nos faz recordar a genialidade de Nizan Guanaes na superação de crises.
Em julho de 2014, ao atravessar uma das grandes tempestades econômicas produzidas neste país, Guanaes montou uma árvore de Natal no meio da sede de sua empresa, surpreendendo todos os seus colaboradores e a sociedade, em geral. Ao ser perguntado sobre o porquê daquilo, respondeu que era para lembrar a todos que, apesar de todas as dificuldades, o fim do ano chegaria.
Nesta crise sem precedentes, milhares de lares estão devastados pela perda de parentes e milhões enfrentam dificuldades financeiras e desemprego, mas, ao mesmo tempo, também é inegável que o isolamento tem alterado costumes, fortalecido os laços familiares, principalmente entre pais e filhos, e alimentado a solidariedade anônima e pública, individual e coletiva, de pessoas físicas e jurídicas.
É verdade; estamos sofrendo, mas a perspectiva de que teremos Natal este ano é um bafejo de ânimo para que possamos, todos juntos, voltar a planejar o futuro e a sonhar que a única coisa contagiosa é a esperança.
Tudo isso vai passar e, quando for Natal, teremos aprendido lições preciosas de coragem e superação, incorporado costumes diferentes em um novo normal e, assim, saudaremos a memória de todos que tombaram nesta verdadeira revolução.
Enfim, nosso presente para todos é esperança, embalada em palavras. Feliz Natal!